terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amnésia ou memória de elefante?

Em Filipenses 3:13, Paulo nos diz que prossegue para o alvo "esquecendo as coisas que para trás ficam", mas a Bílbia é polvilhada de convites a lembrar as coisas que aconteceram, a forma como Deus atuou no passado, etc. Enfim, devemos cultivar uma memória de elefante ou não lembrar de nada?

Parece mesmo que temos que ter uma memória seletiva, do tipo que nunca esquece certas coisas, mas que faz questão de esquecer outras tantas, como se fôssemos clientes da empresa Lacuna Inc. do filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Mas o que apagar da memória e o que fazer questão de não arrancar dela?

Tenho para mim que dois tipos de memória nos atrapalham e o mais evidente é nosso passado de pecados, de mesquinharia, de ardilosidade, maldade, de distância de Deus. Precisamos sepultar o passado com suas mancadas, da mesma forma que Paulo, apóstolo de Cristo, sepultou sua história de perseguidor de cristãos para poder desempenhar sua nova "vocação" com sucesso. Para isso, precisamos desenvolver confiança no poder perdoador de Jesus. Não podemos andar com o peso morto de um passado, que já foi riscado do mapa pelo sangue de Cristo, amarrado às nossas costas. Não se queremos chegar ao alvo.

Outra coisa que precisamos esquecer são os sucessos que tivemos. Pelo menos esquecer do fator "eu mesmo" envolvido neles. Assim erraram Gideão, Davi, Josias e uma porção de biografados pela Bíblia. Passar muito tempo acariciando a lembrança de grandes sucessos sempre se torna uma forte tentação a confiar que você adquiriu uma percepção mais elevada de Deus, e pode se fiar nela para resolver qualquer situação.

O que precisamos lembrar está resumido fantasticamente nesta sentença da escritora Ellen White: "nada temos a temer quanto ao futuro, a menos que nos esqueçamos da forma como Deus nos guiou no passado". Nunca, jamais, podemos nos permitir esquecer que estivemos, nós também, cativos no Egito do pecado, presos por uma escala de valores, gostos e preferências cujo fim era morte. Temos que lembrar que Ele nos tirou de lá e cada um tem uma história diferente para contar sobre como isso aconteceu.

A tentação de tirar Deus de nosso passado e de nossas esperanças para o futuro é forte, porque assim podemos enfim tomar o rumo da embarcação, nos sentir capitães de nossas vidas. Nada mais tentador, nada mais trágico.
por Marco Aurélio Brasil,

Nenhum comentário:

Postar um comentário